Descobrir um câncer nunca é fácil. Quando o diagnóstico é de câncer de próstata, então, uma das muitas dúvidas que surgem na cabeça dos homens, em meio ao turbilhão de emoções do diagnóstico, e que poucos têm coragem de verbalizar, é: a minha vida sexual vai acabar por causa disso? A resposta curta é: não. Mas, como em tudo na medicina, a resposta completa envolve mais nuance, compreensão e, principalmente, acolhimento. Afinal, quem tem câncer de próstata pode ter relações sexuais?
A saúde sexual faz parte da qualidade de vida. E, sim, ela continua sendo importante mesmo durante um tratamento oncológico. Neste artigo, vamos esclarecer mitos e explicar o que pode mudar (ou não) na intimidade de quem está passando por essa jornada. Continue a leitura para descobrir.
Câncer de próstata e vida sexual: uma dúvida comum
Você não está sozinho se já se perguntou se o câncer de próstata interfere na vida sexual. Essa é uma das dúvidas mais recorrentes nos consultórios. E ela não é banal. A sexualidade está profundamente ligada à autoestima, ao prazer, à intimidade e até mesmo à sensação de normalidade.
O impacto da doença na vida sexual pode ser físico, com alterações no funcionamento do corpo, mas também emocional. O medo, a ansiedade, a depressão e as inseguranças podem se somar aos efeitos dos tratamentos e interferir diretamente no desejo, na ereção e na qualidade das relações.
Por isso, é essencial falar sobre o assunto abertamente — com o médico e com o parceiro ou parceira. Cuidar da saúde sexual masculina também é cuidar da saúde integral do homem.
Como é “transmitido” o câncer de próstata?
Vamos direto ao ponto: câncer de próstata não é uma doença contagiosa. Ele não se transmite por contato físico, beijo, toque, abraços ou relações sexuais. Ou seja, não há qualquer risco de “passar” a doença para outra pessoa durante uma relação.
O que pode existir é uma predisposição genética. Homens que têm parentes de primeiro grau com histórico da doença (como pai ou irmão) têm o risco dobrado de desenvolver câncer de próstata. Além disso, fatores como idade (mais comum após os 50 anos, etnia (homens negros têm maior incidência), dieta rica em gorduras e carne vermelha e exposição a agentes químicos tóxicos podem influenciar no risco de desenvolver a doença — mas nenhum deles tem relação com contágio.
Então, prevenir o câncer de próstata é possível? Em parte, sim. Embora nem todos os fatores sejam controláveis, é possível adotar hábitos que reduzem os riscos, como:
- Alimentação equilibrada, com frutas, verduras, legumes e menos gordura;
- Atividade física regular;
- Manter o peso adequado;
- Não fumar;
- Realizar os exames de rotina, como o PSA e o toque retal.
Saber que o câncer de próstata não é transmissível ajuda a eliminar medos desnecessários e reforça o quanto a informação é aliada da prevenção. Ao adotar hábitos saudáveis e realizar os exames de forma periódica, o homem amplia suas chances de diagnóstico precoce e de sucesso no tratamento. E mais: ao compreender como essa doença realmente se manifesta, é possível focar no que realmente importa — o cuidado, o acompanhamento médico e o bem-estar em todas as fases da vida.
Quem está com câncer na próstata pode ter relação sexual?
Sim, pode. E isso é algo muito importante de ser dito com todas as letras: o diagnóstico de câncer de próstata não significa o fim da vida sexual. No entanto, é fundamental compreender que alguns cuidados e adaptações podem ser necessários ao longo do tratamento.
A doença em si não impede a prática de relações sexuais. Mas os efeitos colaterais dos tratamentos — como a cirurgia, a radioterapia ou a terapia hormonal — podem afetar a função sexual de maneiras diferentes. Esses impactos variam de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como o tipo de tratamento realizado, a idade, a condição de saúde geral e também aspectos emocionais.
O que pode mudar na vida sexual?
Durante ou após o tratamento, alguns homens podem perceber alterações importantes, como:
- Disfunção erétil: é uma das consequências mais comuns após a cirurgia de remoção da próstata (prostatectomia), especialmente quando os nervos que controlam a ereção são afetados.
- Diminuição do desejo sexual: pode ocorrer por causas emocionais, como ansiedade ou depressão, ou devido a alterações hormonais provocadas pelo tratamento.
- Alterações na ejaculação: muitos pacientes relatam a chamada “ejaculação seca”, que acontece quando não há a liberação de sêmen durante o orgasmo, especialmente após a prostatectomia.
- Libido reduzida: sobretudo em casos em que o tratamento inclui bloqueio hormonal, diminuindo os níveis de testosterona.
Como os principais tratamentos impactam a sexualidade?
- Prostatectomia Radical: pode resultar em disfunção erétil e ausência de ejaculação. A sensibilidade e o orgasmo podem continuar, mas a dinâmica da relação muda.
- Radioterapia: com o tempo, pode prejudicar os nervos responsáveis pela ereção e afetar o volume e a qualidade da ejaculação.
- Terapia Hormonal: reduz a testosterona no organismo, o que pode diminuir o desejo sexual e afetar diretamente a resposta física ao estímulo.
Essas mudanças, embora desafiadoras, não representam uma sentença definitiva. Muitos homens conseguem adaptar sua sexualidade, encontrar novas formas de prazer e manter relações íntimas satisfatórias. O segredo está na comunicação aberta com o parceiro ou parceira, no apoio emocional e na busca por orientação médica adequada.
E tem tratamento para manter a vida sexual ativa?
Sim, e essa é uma das melhores notícias. Há diversas alternativas que ajudam o homem a retomar sua vida sexual com segurança, conforto e prazer. Entre elas:
- Medicamentos orais, como sildenafil (Viagra) e tadalafil (Cialis), que ajudam a promover ereções ao melhorar o fluxo sanguíneo para o pênis;
- Dispositivos de vácuo, que induzem a ereção de forma mecânica;
- Terapias injetáveis, que estimulam a ereção por meio de medicamentos aplicados diretamente no pênis;
- Implantes penianos, em casos mais complexos, que oferecem uma solução duradoura e eficaz;
- Terapia sexual e aconselhamento psicológico, fundamentais para lidar com as mudanças emocionais, resgatar a autoestima e redescobrir a sexualidade.
Cada paciente responde de maneira diferente ao tratamento, e não existe uma abordagem única. Por isso, o acompanhamento com um urologista especializado faz toda a diferença.
O que você precisa lembrar?
Ter relações sexuais durante ou após o tratamento para câncer de próstata é totalmente possível. Talvez seja preciso redescobrir o próprio corpo, conversar mais com o parceiro, tentar abordagens diferentes ou experimentar tratamentos auxiliares. Mas a vida sexual não precisa ser interrompida por causa de um diagnóstico.
Mais do que isso: ela pode ser ressignificada, com mais conexão, afeto e presença. E com o tempo, paciência e apoio adequado, muitos homens conseguem não só recuperar a função sexual, como também fortalecer o relacionamento e a autoestima.
Faz mal ter relação com uma pessoa que tenha câncer de próstata?
Não faz mal. Portanto, se essa preocupação está passando pela sua cabeça — ou pela cabeça do seu parceiro —, saiba que ela não precisa existir. Ter uma relação íntima com alguém que está enfrentando o câncer de próstata não oferece nenhum risco para a saúde do outro parceiro. O que realmente precisa de atenção, nesse contexto, não está no aspecto físico da relação, mas nos aspectos emocionais que essa vivência pode provocar em ambos.
O impacto emocional no relacionamento
É comum que o paciente com câncer de próstata se sinta inseguro, ansioso ou com medo de não corresponder às expectativas do parceiro. Ao mesmo tempo, quem está ao lado também pode ter dúvidas, receios ou mesmo não saber como se aproximar nesse momento tão delicado.
Por isso, a base para atravessar essa fase com mais leveza é o diálogo aberto, honesto e sem julgamentos. Conversar sobre o que cada um sente, esclarecer medos e alinhar expectativas é uma forma poderosa de fortalecer o vínculo e fortalecer o relacionamento.
Lembrar que a intimidade vai muito além do ato sexual ajuda o casal a manter a conexão, mesmo que a rotina sexual mude temporariamente. O carinho, a presença, o toque, o afeto — tudo isso continua sendo essencial. E isso não muda.
Cuidados com a saúde sexual continuam importantes
Mesmo que o foco do casal esteja voltado para o tratamento do câncer, alguns cuidados com a saúde sexual não devem ser esquecidos:
- A prevenção de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) continua sendo essencial, especialmente quando há múltiplos parceiros;
- O uso de preservativo é recomendado em relações com novos parceiros ou em casos de risco aumentado para infecções;
- E, claro, consultar o médico que acompanha o paciente é sempre a melhor forma de esclarecer dúvidas específicas e garantir que não há nenhuma contraindicação individual.
Relação saudável é feita de presença e acolhimento
Estar ao lado de alguém com câncer exige empatia, paciência e disposição para se adaptar às mudanças. Mas isso não significa abrir mão da vida sexual — muito pelo contrário. Muitas vezes, esse processo é uma oportunidade de redescoberta: de novos jeitos de se conectar e de sentir prazer.
Cuidar da saúde sexual do casal é cuidar da relação como um todo. E quando existe apoio mútuo, escuta e vontade de seguir juntos, o tratamento se torna mais leve e o amor, ainda mais forte.
Quem teve câncer de próstata ejacula?
Essa é uma pergunta muito comum — e totalmente válida. Afinal, mudanças no corpo geram dúvidas, inseguranças e, muitas vezes, silenciam temas importantes como a sexualidade. A resposta é: depende do tipo de tratamento realizado. Em alguns casos, a ejaculação muda. Em outros, ela pode deixar de ocorrer. Mas isso não significa o fim do prazer ou da vida sexual.
Prostatectomia Radical
Quando a cirurgia para retirada da próstata é indicada, ela costuma incluir também a remoção das vesículas seminais — glândulas responsáveis pela produção do sêmen. Como resultado:
- O homem pode ter orgasmos, mas sem a liberação de sêmen, fenômeno conhecido como “ejaculação seca”;
- Apesar da ausência de fluido, a sensação de prazer do orgasmo continua presente na maioria dos casos, embora alguns homens relatem alterações nessa percepção.
Radioterapia
A radioterapia, por sua vez, não remove a próstata, mas pode afetar a estrutura e o funcionamento das glândulas. Com isso:
- O volume de sêmen pode diminuir significativamente;
- Alguns pacientes relatam alterações na consistência ou coloração do fluido;
- Em casos mais avançados, pode haver dor ou desconforto durante a ejaculação, que tende a ser transitório.
Terapia Hormonal
Já a terapia hormonal, usada especialmente em estágios mais avançados ou como complemento, atua reduzindo drasticamente os níveis de testosterona. Como consequência:
- O desejo sexual pode diminuir de forma importante;
- A frequência e a intensidade da ejaculação também podem ser afetadas;
- Em alguns casos, o homem pode não conseguir ejacular, mesmo com estímulo.
E quanto à fertilidade?
Para homens que ainda desejam ter filhos, essa é uma conversa que deve ser feita antes do início do tratamento. Dependendo da abordagem escolhida, a fertilidade pode ser comprometida. Mas há alternativas:
- Congelamento de sêmen: é a principal recomendação antes de cirurgias ou tratamentos mais invasivos;
- Fertilização in vitro ou técnicas de coleta direta dos testículos: podem ser avaliadas em conjunto com o urologista e especialistas em reprodução humana.
E o prazer, como fica?
É importante reforçar que a capacidade de ter orgasmos, sentir prazer e viver uma vida sexual satisfatória não depende apenas da ejaculação. Embora esse seja um aspecto importante da sexualidade masculina, ele não é o único.
Após o tratamento, muitos homens redescobrem outras formas de intimidade e prazer. Com o apoio certo, é possível viver essa nova fase de forma segura, respeitosa e até transformadora.
Entender o que muda ajuda o paciente a se preparar emocionalmente, ajustar suas expectativas e manter sua autoestima. A sexualidade pode se reinventar. E, muitas vezes, renascer com mais presença, afeto e consciência do próprio corpo.
Como tratar a impotência após cirurgia da próstata?
A impotência — ou disfunção erétil — é uma das consequências mais temidas por quem passa por uma cirurgia de próstata. E isso é compreensível, afinal, a sexualidade está profundamente ligada à autoestima, ao bem-estar e à qualidade de vida do homem.
O primeiro ponto importante é saber que a disfunção erétil após a cirurgia pode ser temporária ou permanente, e que existem tratamentos eficazes para os dois cenários. A boa notícia é que, com o acompanhamento certo, muitos homens conseguem recuperar a função erétil e retomar uma vida sexual ativa e satisfatória.
Medicamentos
Os medicamentos orais são geralmente a primeira linha de tratamento. Entre os mais utilizados estão:
- Sildenafil (Viagra)
- Tadalafil (Cialis)
- Vardenafil (Levitra)
Eles atuam aumentando o fluxo sanguíneo para o pênis, facilitando a ereção. A resposta a esses medicamentos pode variar, e alguns homens precisam de ajustes de dose ou da combinação com outras terapias. Os efeitos colaterais mais comuns incluem dor de cabeça, congestão nasal e alterações visuais.
Terapias hormonais
Em casos em que a disfunção está relacionada à queda nos níveis de testosterona, pode ser indicada a reposição hormonal. Esse tratamento deve ser feito com muito cuidado e sob monitoramento frequente, especialmente em pacientes oncológicos. O equilíbrio hormonal pode influenciar diretamente no desejo e na resposta sexual.
Dispositivos e implantes
Quando os medicamentos não surtem efeito, existem alternativas eficazes:
- Bomba de vácuo: ajuda a induzir a ereção por meio de pressão negativa, sendo uma opção não invasiva;
- Terapia injetável: consiste na aplicação de medicamentos diretamente no pênis para provocar a ereção;
- Implantes penianos: indicados para casos mais severos ou quando outros métodos falham. Existem modelos infláveis, com controle discreto, e semi rígidos. Ambos permitem relações sexuais com conforto e segurança.
Essas opções devem ser avaliadas com o urologista, respeitando o perfil e as expectativas de cada paciente.
Tempo de recuperação
É essencial ter paciência. A função erétil pode levar meses — e, às vezes, mais de um ano — para começar a se restabelecer. A recuperação é gradual e depende de diversos fatores:
- Idade do paciente;
- Estado geral de saúde;
- Técnica cirúrgica utilizada (com ou sem preservação dos nervos);
- Frequência de estímulo e envolvimento com a reabilitação peniana.
A reabilitação precoce — que inclui estímulos naturais ou farmacológicos — pode fazer diferença significativa no resultado final.
Muito além da ereção
Tratar a disfunção erétil não é apenas uma questão física. Envolve restaurar a confiança, a autoestima e a qualidade da vida afetiva e sexual do homem. Por isso, o suporte psicológico e, quando necessário, a terapia sexual também são aliados importantes nesse processo. O mais importante é saber que há caminhos.
Quantos anos vive um homem com câncer de próstata?
Medo, incerteza, ansiedade. Tudo isso é natural. Mas é importante começar dizendo que as chances de viver por muitos anos após um diagnóstico de câncer de próstata são muito altas, especialmente quando a doença é identificada em seus estágios iniciais.
A resposta à pergunta “quantos anos vive um homem com câncer de próstata?” depende de vários fatores. Mas, na maioria dos casos, o prognóstico é bastante positivo.
Estágios do câncer de próstata
O estágio da doença no momento do diagnóstico influencia diretamente as possibilidades de tratamento e os resultados a longo prazo:
- Câncer localizado: Quando o tumor está restrito à próstata, as taxas de cura são altíssimas — estudos mostram que mais de 99% dos homens estão vivos após 5 anos do diagnóstico.
- Câncer localmente avançado: Aqui, o tumor já ultrapassou a próstata, mas ainda não se espalhou para órgãos distantes. Com o tratamento adequado, o prognóstico continua sendo muito bom, e muitos pacientes conseguem controle da doença por longo prazo.
- Câncer metastático: Quando a doença se espalhou para outras partes do corpo, como ossos ou linfonodos, o foco passa a ser o controle da doença e a qualidade de vida. Mesmo nesses casos, os avanços na medicina têm permitido tratamentos que prolongam a vida com bem-estar e dignidade.
Expectativa de vida após o diagnóstico
A expectativa de vida vai depender de diversos elementos:
- A idade no momento do diagnóstico;
- O estado geral de saúde do paciente;
- A agressividade do tumor (avaliada por exames como o PSA e a biópsia);
- A resposta ao tratamento escolhido.
Mas o que os números mostram é animador: a grande maioria dos homens com câncer de próstata vivem muitos anos após o diagnóstico — e com boa qualidade de vida. Com os recursos disponíveis hoje, muitos seguem ativos, trabalhando, convivendo com a família e mantendo seus planos de vida.
Um novo olhar para o futuro
Receber o diagnóstico de câncer de próstata não significa uma sentença de morte. Pelo contrário. Para muitos homens, é o ponto de partida para uma nova forma de se cuidar, de valorizar a saúde e de viver com mais consciência e propósito.
Com acompanhamento médico regular, adesão ao tratamento e apoio emocional, é possível atravessar essa fase com confiança e esperança. A longevidade após o câncer de próstata é uma realidade para milhares de brasileiros — e pode ser para você também.
Conclusão
Falar sobre sexualidade durante ou após o tratamento do câncer de próstata ainda é um tabu para muitos homens. Mas é justamente ao dar voz a essas dúvidas que começa o caminho da reconstrução — física, emocional e relacional.
A boa notícia é que, sim, a recuperação da função sexual é possível. Mas ela não acontece da noite para o dia. Requer paciência, acompanhamento especializado e, acima de tudo, compreensão. Cada homem vive essa jornada de forma única. E por isso, não existe uma fórmula pronta, mas sim possibilidades reais de adaptação, tratamento e retomada da vida íntima.
Buscar ajuda profissional é um passo de coragem. E contar com apoio psicológico e emocional durante esse processo é fundamental. Afinal, a saúde sexual está diretamente ligada à autoestima, aos vínculos afetivos e à qualidade de vida como um todo.
Se você está passando por isso, saiba que não precisa enfrentar essa fase sozinho. Com o tratamento certo, orientação adequada e o suporte necessário, muitos homens conseguem, sim, retomar sua vida sexual com confiança, prazer e plenitude.
O Dr. Marco oferece um espaço de escuta, acolhimento e respeito. Um lugar onde você pode tirar suas dúvidas com tranquilidade, sem constrangimentos, e construir o plano mais adequado para sua realidade. Vamos conversar?